Sou como você me vê.

Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania... Depende de quando e como você me vê passar.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Patriotas platônicos.

Passamos três anos e meio falando mal do Brasil. Criticamos o povo, a falta de saneamento básico, o governo, o cachorro-quente frio da esquina. E aí, senhoras e senhores, na Copa do Mundo, quem fala mal do Brasil nessa época corre o risco de ser crucificado, empalado, ou até queimado vivo se não retratar seu erro, no maior estilo Galileu. Oras, o Brasil é maravilhoso! Quem, eu?! Calúnia! Eu só falei que o Brasil não presta, mas tá na Copa, oras!
Ah, o grande erro do brasileiro: achar que futebol vai salvar o país. Não vai.
Uma estrela a mais no emblema do uniforme não vai mudar droga nenhuma na sua vida. Não vai mesmo.
Somos os melhores no futebol... E brasileiro tem orgulho disso! Orgulho da seleção, representada por 11 jogadores, na sua maioria (não disse todos, calem-se) sem educação básica, sem nem saber falar o português corretamente, mas sabe jogar futebol. E isso vale por tudo. Isso cobre tudo. Cobre a falta de escolaridade, cobre o fato de não saberem conjulgar um verbo em todos os tempos, cobre até mesmo o passado - porque o passado dele é obscuro... Favelas? Não abrem a boca para falar sobre. Esquecem as raízes. Ignoram os problemas que eles mesmo viveram porque agora eles tem uma vida de casamentos em palácios franceses e casas na Itália.
E o brasileiro assiste. Assiste e adora! A bola no chão, a euforia no estádio, as vuvuzelas soprando com força... E tudo isso porque é ano de Copa. Ano de Copa todo brasileiro tem orgulho de falar que é brasileiro. Ano de Copa te deixa com o peito estufado quando você canta o Hino Nacional, afinal somos descendentes daqueles que " ouviram do ipiranga as margens flácidas, de um polvo heroico o rato retumbante". E aí começa o jogo. Coração na mão. Se fizer gol, é por isso que eu sou brasileiro. Se não fizer, o técnico é porco, a seleção é ruim, o juíz é ladrão e a mãe dele é tudo e mais um pouco.
Passada a Copa, os brasileiros retomam seus dias normalmente. Seu trabalho é ruim. Sua mãe te irrita. A vida é uma droga. Bom mesmo seria morar na Europa. Madri, Paris, Viena, Roma, Valencia, Londres. Lá sim, a vida é boa. E, na próxima Copa, vou estar num pub inglês, com minha camisa do Brasil, com - quem sabe - seis estrelas e peito estufado cantando o hino às margens flácidas do Big Bang.

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